Um alienígena, a morte e um lembrete estoico

Não sei você já assistiu esta série…

Resident Alien.

Pelo nome, você já deve imaginar que tem alienígena no meio, né?

Basicamente, a trama gira em torno de um alienígena que cai na Terra e assume a identidade de um médico em uma pequena cidade do Colorado.

Mas a série é muito mais do que seres humanos e extraterrestres.

É uma mistura de mistério, comédia e até uma pitada de drama, abordando temas como pertencimento, humanidade e identidade de uma forma leve, mas inteligente, trazendo umas reflexões que pegam a gente de jeito.

Ontem mesmo, uma cena me fez parar pra pensar.

Vamos ao contexto porque contexto é tudo.

Harry ( o alienígena) passou por uma experiência de quase morte e começou a pirar. 

Tentou agir como se nada tivesse acontecido, mas sua melhor amiga humana, Asta, percebeu que ele estava diferente.  

Ela o confronta e diz algo mais ou menos assim:

 “A maioria das pessoas evita pensar na morte. Mas encarar isso faz parte de ser humano.”

Para nós, de fato isso parece uma ideia horrível. Quem quer pensar sobre a morte? 

Mas embora seja desconfortável, aceitar a mortalidade e lidar com o medo da morte permite que as pessoas vivam de forma mais plena e autêntica.

Os estóicos falavam muito sobre isso. 

Tem até um termo que os estóicos chamam de “Memento Mori” – Lembre-se de que você vai morrer.

Parece meio mórbido à primeira vista, eu sei.  

Mas a real é que esse lembrete pode ser libertador.

Sêneca talvez seja o estoico que mais falou abertamente sobre a morte.

Em suas Cartas a Lucílio, ele constantemente lembra que a consciência da morte nos ajuda a viver melhor.

“Aprende a morrer, e aprenderás a viver.”
Sêneca, Epístola 26

Ele defendia que a vida deve ser vivida com urgência, não porque o tempo é curto,  mas porque a gente perde tempo demais com o que não importa.

Epicteto via a morte como algo natural.  

Para ele, refletir sobre a morte é um exercício para nos manter calmos diante do inevitável.

“A morte é uma das coisas que não estão sob nosso controle. Onde está o mal nisso?”
Epicteto, Discursos

Ele até sugeria que lembrássemos da mortalidade das pessoas que amamos — não pra ficarmos tristes, mas pra valorizarmos ainda mais o tempo ao lado delas.

Já Marco Aurélio ia direto ao ponto:

“Você poderia deixar a vida agora mesmo. Deixe que isso determine o que você faz, diz e pensa.”

 — Marco Aurélio, Meditações 

Esses pensamentos são tipo um tapa carinhoso na cara.  

Nos fazem lembrar que a vida é breve — e, justamente por isso, preciosa.

São lembretes como esse que precisamos desesperadamente em nossas próprias vidas, para que possamos viver a vida ao máximo e não desperdiçar um segundo sequer.

Ou pode servir como a chave para nossa liberdade — como Montaigne disse: 

“Praticar a morte é praticar a liberdade. Um homem que aprendeu a morrer desaprendeu a ser um escravo.”

A morte não tira o sentido da vida.  

Ela nos faz enxergar o que realmente importa.

E, felizmente, não precisamos passar por uma experiência de quase morte pra despertar.

Às vezes, tudo que a gente precisa é de um lembrete.

“Memento Mori” ou “Você vai morrer”.  

Um simples lembrete como esse pode nos aproximar de viver a vida que queremos. 

É isso. Tudo pode acabar. Hoje, amanhã, em breve.

Viva sua vida ao máximo.

Com sabedoria, coragem e clareza,

Railka Wan Der Maas

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